terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

SILÊNCIO


Sempre pensei em escrever. Sempre, há muito, muito tempo. Demorei para começar. Não por algum motivo especial. Medo. Insegurança. Não sabia o que escrever. Sabia, mas tinha tanta coisa, que não saía nada. Como pessoas tentando sair de um quarto pequeno em chamas. 5000 pessoas juntas. Existem tantas coisas que eu almejo fazer. Viajar, conhecer, realizar, gravar. Morar fora. Estar perto. Ao mesmo tempo!


Algumas não realizo porque me sinto em obrigação com a pessoa á quem devo tudo. (E isso não é prisão. É escolha consciente. Sempre fomos nós 2. E essa não posso decepcionar. Nunca! mais.)

Literalmente tudo.

Outras não realizo por medo. Cansaço. Por assuntos internos não resolvidos, que enquanto eu os chamar de 'besteiras' ou não lhes der o devido tamanho, não sairão nunca.


Estava aqui, eu e minhas histórias. Estávamos vendo o capítulo final de uma série genial.

E me dei conta de mais uma coisa: vivo fora da realidade. Na verdade, não me maquio fingindo saber tudo que é bom e necessário. E não finjo que dou valor a tudo que tenho que dar valor. Demonstro conforme vou aprendendo. Sempre fui assim.

Não preciso ser inocente para ter o coração puro. Não tem a ver com inocência e pureza; não é isso que estou dizendo. O que estou dizendo é que tenho a transparência de uma criança.


Exemplo: Nunca entendi o valor de família. Desde pequeno, nunca mesmo. Desde pequeno, tive sempre uma família de uma pessoa só. Não que a outra pessoa não estivesse nunca presente, abandono total. Isso não. Seria mentira e sem vergonhice da minha parte falar isso. Mas estava na proporção exata que estou hoje para a minha filha. E com certeza, este não é o melhor jeito possível. Fato.

Muita coragem para escrever sobre isso. É bastante necessário.


Fico assistindo as pessoas passarem, fazerem, viverem. Acho sensacional. Admiro muito. Existe gente que parece que já vem programado (no melhor sentido da palavra). Ouve bastante. Aprende. Tem suas metas traçadas e claramente definidas. Buscam-nas com vigor e pujança, como se fossem uma tropa de 'Hércules' modernos. Vivem estritamente dentro da realidade.


Tenho um problema com isso. Neste ponto, a rebeldia me assalta algumas vezes ainda. Para ser sincero, muitas vezes me sinto bem diferente nestes pontos. Não sei ao certo o que pensar. Só aprendo depois de quebrar a cara. Estou aprendendo a escutar agora.

Não acredito em tudo que me falam. Até nas coisas que deveria.

Começo a entender e admitir alguns problemas e dificuldades agora, depois de anos com um paralelepípedo nos sapatos. Ou melhor, com aquelas bolas de concreto dos presos norte-americanos me acorrentando ao mesmo lugar. Resistência á mudança quase nunca é bom.


Acho sensacional a liberdade batendo na cara. A liberdade de poder mudar, dividir isso, mesmo sendo com o mundo inteiro. Na verdade, o mundo não me incomoda. Só as pessoas que conheço.

Não existem condições ideais. Nunca existiram. Para mim, é utópica qualquer condição muito favorável. A condição interna tem que ser. Primeiro dentro.


Não quero passar a vida correndo atrás do próprio rabo.


Vejo valor hoje na minha família. O peso que isso tem. Minha mãe sorrindo. Sei o quanto pra ela é difícil sorrir, por tudo. E ainda sim, sorri. Não se entrega. É a pessoa mais disciplinada, obstinada e perseverante que eu já conheci ou ouvi falar. Serve de coração. Vale por uma torcida inteira. Faz muito mais do que pensa. Coração de leão? Não... coração de leoa!!

Quando vejo meus primos. Quando lembro do sorriso da minha filha. Quando vejo um amigo que há anos não via. Com sua filha. Quando brincamos. Sorrimos.


O tempo para. Nada importa mais.


Quando penso em família... me vejo só ainda. Não porque não tem ninguém comigo. Sempre estiveram. Eu que nasci sem habilidade para viver. É exatamente isso. Inadequado, desconfortável. O que já aprendi, tiro de letra. O que não realizei, eu gostaria que me desse gana, mais ânimo. Ansiedade em concluir.
Mas não é isso que sinto ainda. Atenção: AINDA.

Até quando esse medo irracional vai me podar?

Até quando eu não me permitir errar e me aventurar sem o controle. Acho que é isso. Se souberem mais respostas, me falem. Ajudem um cego á enxergar.

Nascemos livres. Eu também. Nasci para viver o que há de melhor.

Corremos atrás de tantas coisas para atingirmos essa liberdade. Atrás de dinheiro, para termos liberdade financeira. Atrás de maturidade, para termos liberdade emocional. Atrás de pessoas, para termos liberdade de nós mesmos. Atrás de passatempos, para nos libertarmos da rotina monótona...


Sabe, uma vez, mais novo, uma pessoa fez meu mapa astral. Nunca acreditei nessas coisas (e continuo não acreditando!). Mas ela me disse que eu teria dinheiro para viver confortavelmente, mas não em excessos. Nada de faltas, mas sem absurdos. Fico pensando desde então nisso. Se não me faltar para comer, morar, me locomover, estudar, me distrair, me aperfeiçoar e me divertir... Vou ser rico!


Se eu gostaria de excessos? Claro! Sem hipocrisias.

Mas acho que excesso de grana em alguns casos é muito perigoso. Muito mesmo.
Não sei se esse é meu caso. Mas vou adorar descobrir. Vou em busca disso.

Ás vezes tenho a impressão de estar sempre á um passo de estourar a boca do balão.
Portanto, a meta para este ano é me apoderar do que é meu. Literalmente. Pegar o que me é devido. Usufruir do que eu tenho e não estou usando. Das faculdades guardadas. Da retomada de algumas qualidades que estão no armário.


Nascemos livres. Uns mais, outros menos.


Eu tenho que lutar comigo mesmo para me transformar em homem livre. Nada fora me para. Nunca parou. Não pode. Nem se quisesse.


- 'É isso que tem p'ra hoje, senhor.'

Então, reza e agradece.

3 comentários:

  1. Ao meu ver, você é todo coração... Ainda não sabe como pode, mas tem consciência de todo poder.
    Brilha por si só...

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  2. Pureza com seu próprio ser! Sinceridade com o que quer ser. Mantenha-se sempre pronto para o que qualquer coisa que possa acontecer. Olho gordo nas perguntas certas irmão.
    Abração

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