terça-feira, 21 de setembro de 2010

Céu


As coisas que eu quero são intocáveis.

Quero beijos demorados, que façam o tempo parar. Quero ser o que não sou AINDA. o que almejo. Quero o que eu posso, o que eu devo e o que me cabe.
Quero dias de sol no quintal. Quero dias de chuva na praia.

Quero as coisas como realmente são. E quero as coisas aparentemente bonitas também. Não 'só' aparentemente. Mas que aparentem também.

Quero motivos de desenho sombrios, misturados e fundidos com flores sem fim, numa 'via floris' em vez de láctea.

Quero amizades de décadas, igual algumas que cultivo. Quero que os traidores morram sem piedade. Que os vampiros emocionais encontrem a luz do sol; e em vez de queimarem e sumirem, aprendam que o sol é bom e faz bem.

Quero um bem maior.

Quero o que já tive, o que tenho e o que quero ter. E pouco disso é material.

Quero vida eterna para os meus pais. Eles viverão eternamente através de mim. Isso é um fato.

Quero o melhor dos mundos para mim e para os meus herdeiros, para os meus rebentos.

Quero motivos para escrever. Inspiração. Alegres, tristes, melancólicos, eufóricos, radiantes. Vivos.


Quero tudo que posso.Tudo que é meu por direito. Quero quebrar a cara 7x e ainda sim me apaixonar a 8.a vez, conscientemente.
Quero manter o amor que exala pelos meus poros e atinge os receptores alheios. Quero direcionar meu sangue. Quero participar de tudo.
Quero música como trilha sonora de todos os momentos. Quero solos de guitarra , onde a protagonista grite e chore. E depois se liberte.

Quero mais conteúdo que forma. Mas quero forma também.

Quero a matemática nos olhos. Quero a língua universal na minha fluência. E a língua universal nunca foi o inglês. Continua sendo o amor.

Quero o que posso. Quero o que devo. O que me cabe.

Quero letras pras minhas batidas. Batidas pras minhas letras. Quero música clássica com bumbo gordo e caixa seca.
Quero hihats e claps eternos no caminho.
Quero linhas com slaps que adrenem, encantem e choquem.

Quero tudo que tem aí. Quero o que não existe ainda.

Quero o bem. Quero o mal também. Quero o mal tão bem, que até ele se converteria.
Quero que quem não quiser, só não queira do meu lado. Não se iluda.

Quero que entendam o que eu disse. E o que eu deixei de dizer.
Quero muito mais que ações, motivos.
Quero cd's infinitos, redes, conversas inebriantes, bons livros.

Quero o que não é vendido de batelada só. Quero o á la carte. E o P.F. também.


Quero o que é meu por direito.
E estou chegando pra buscar.
 

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Vão

O viver em muitas vezes se torna complicado; algo de essência tão simples. Tão puro. Tão fácil. E nem venham me falar que não o é. É sim !! - afirmo. E reafirmo. Quantas vezes forem necessárias.

Hoje acordei estranho. Dormi pouco. Acordei ouvindo uma música, que está ecoando até agora :'Não me deixe só' (Vanessa da Mata).
Pensei, pensei, pensei. 'Sabe aquela sensação de redescobrir uma coisa que já se conhecia, mas havia se perdido no tempo?'
Fiquei pasmo. Branco. Calado.

Cabeça voando. Caça de guerra, sem guerra.

O que me aperta o peito á um ponto de quase não suportar são os vãos pelos quais vivemos. Vou vivendo até terça. Pra chegar. Pra não chegar.
Com vãos entre o tempo de escolha e o real tempo hábil para a realização.
Vãos quais muitas vezes me parecem muito maiores do que os da infância; das brincadeiras de amarelinha na rua que já não se encontra mais. Uma amarelinha onde o ''céu'' e o ''inferno'' são atalhos reais para tais lugares.
Vãos onde pessoas se perdem. Pessoas se escondem. E ao mesmo tempo não existem pessoas. E ao mesmo tempo existem.
O vão entre as sessões quais gravo meus riscos. Nos quais assumo, definitivamente, meus riscos. E uma voz desavisada na rua me indaga: ''mas ... pra quê?''.
- Deixa quieto...

Sabe, ás vezes sinto um aperto no peito. Um aperto por tudo que poderia ser e não foi. Um aperto pelo que não veio... pelo que se foi.
Aperto.

Sei que soa meio melancólico. Meio 'down'. Nem sei se era, ou é isso mesmo.


Só sei que os vãos muitas vezes e ainda hoje, vez por outra voltam á me incomodar.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Atrás do véu ? um Blue.


Ambiente: Um palco com o letreiro 'ON AIR' desligado na parte superior; espaço com poucos metros quadrados onde os músicos se apertam afim de mostrar seu melhor. Mesas enfileiradas imersas em um ambiente á meia luz. Sensual eu diria. Local perfeito para conversas reservadas; quase um esconderijo no meio do caos urbano. Aos fundos de um estacionamento velho e decaído.

Fumantes amontoam-se no espaço que segue logo antes da entrada, escondidos pelos vãos dos pilares mal acabados da construção rústica, afim de saciar a dependência que berra na mente e lateja no sangue, quase em ebulição.
''A miséria humana é ainda mais lastimável quando acompanhada do desespero''.

''21:12. Coincidência estúpida que teima em me perseguir junto com o 1234 nos mais diversos modos e locais...foda-se''

Me acomodo em uma mesa próxima ao canto mais escuro. Peço uma bebida. Olho o passar das pessoas como se eu não estivesse ali.
''-Quantos estão ali pelo motivo certo? Existe o certo? ''.

A bebida chega. Acendo um cigarro. Tenho mais uns 14 amigos pra me fazerem companhia esta noite. E minha intenção é queimá-los todos. Da mesma forma que queimo e excluo aqueles que se dizem amigos, mas no fundo, me fazem mal. Descarto-os como bitucas de cigarro ao chão. Apago-os como o sol faz com as estrelas.

E por falar em se apagar, as extintas e minguadas luzes do ambiente se apagam de vez. O pequeno letreiro se acende. Os músicos estão para iniciar a Jam. Prontos p'ra entrar 'ON AIR'. Me torno só ouvidos.

Um bom blues. Uma boa bebida. A ótima companhia solitária de quem se ama. Ou pelo menos finge isso muito bem. Os cubos de gelo se esvaem vagarosamente, conforme os pensamentos naquela mulher do passado se estendem. E a trama não é desfeita na mente. Fusão de um colecionador de decepções. Passado e futuro se embaralham.

A guitarra chora as lágrimas que não vejo há muito tempo tombarem e rolarem do meu rosto. Como aquele outro blues.
01:30 de boa música passa como se fossem 10 mins do mundo normal.
''Einstein acertou mesmo na relatividade'' - ironizo. Um meio sorriso de deboche foge por um dos cantos da boca. O deboche de quem sabe, vez por outra, sorrir de si mesmo.

Acendo mais um cigarro, ao final da apresentação do Blue de Blues Boy King: ''Lucille''.
''Um blues sempre fala de um homem e uma mulher apaixonados''. Os verdadeiros sim.

Saio sem ser notado em meio á luz bem fraca do antigo e pequeno luminoso. Ninguém enxerga meu rosto. Semblante fechado.

Sigo pelo corredor estreito até a porta que me leva á saída.

Sumo no nevoeiro da madrugada, deixando para trás o ambiente, a fumaça dos cigarros e as lágrimas que não chorei.


A música me acompanha na cabeça.

As dúvidas também.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Manitol




Fezes putrefadas nas entranhas.
Despejo involuntário causado por fator extrínseco.

Segura. Sua. Contrai.

Sai.


Deveria ser assim com as verdades do cotidiano; afinal, só putrefam no interno por não saírem. Quando passa o tempo para evacuação, começam o processo de 'auto-destruição' ali mesmo: dentro.

Isso é prejudicial. Perigoso. Machuca. Incomoda.

Se embola. Igual um novelo de lã, fica quase impossível achar a ponta pra separar os fios. Fios emocionais. Fios de merda. Fios da trama, que compõe o tecido humano. Interno e abstrato;

da pequinês, miséria... mesquinharias e egoísmos nossos de 'cada-dia'.

Acúmulo de qualquer coisa (salvo raríssimas excessões), não faz bem. Nunca fez.
Merda, dinheiro ou qualquer outro tipo de dejeto.


Para o interno, está tudo nivelado.



Sentimentos também apodrecem. Para eles, não há manitol.

quarta-feira, 8 de setembro de 2010

Diamantes sem salvação


'Tenho medo de me perder...de perder o que almejo sem nem ter ao menos conseguido.'

Foi com essa frase que amanheci, em uma super idéia com uma amiga. Escutei isso e beirei um Satori. Minha mente foi invadida por uma enchente de pensamentos, que não respeitaram nem o pouco tempo em que eu havia acordado...

Me dei conta da preguiça que sinto. Estou beirando os 30. 30!

Devia estar acelerado em algumas áreas? Com certeza. (Pelo menos no quesito expectativas externas, vixi...).
Mas será mesmo?
Estou quase na metade da expectativa mínima de vida de um cidadão brasileiro e consequentemente, terceiro mundista: 60 anos.

E já vivi coisa pra mais de metro. Já vivi muita, mas muita coisa que homens de 50 nem sonham...
Cara...e ainda tenho, no mínimo (e só por hoje), mais 30!
Tudo bem que o tempo hoje passa mais rápido.
Tudo bem que o diamante é duro pra cacete e pra ser lapidado, demora.
Mas o valor agregado nele, o que o difere de uma pedra bruta que qualquer um chutaria na rua, é justamente o trabalho empregado. O suor. Claro que a ignorância generalizada, faz cobiçarem-no pelo valor final.
Amadores ...
se soubessem ...


Meus pensamentos (re-)soam entre distorções e wah wah's... timbres ardidos e swingados de single coils. Beiram o psicodélico em diversos momentos...
LSD's emocionais.

Em meio á tudo isso, sigo como ponte pra amigos voltarem para a terra a que pertencem. Sou braço, mão, peito e elo.
Como diria meu primo: 'Sou do tipo que não abre a barreira'. E ponto.

Fica a experiência.

Mas não tô afim só de experiência. Com ela eu aprendo. Mas a intenção final é viver bem. Como venho vivendo. Livre.

Sem rótulos, lacres, esteriótipos e afins; enfins ou fins prematuros e trágicos.
Bom senso, estilo e amigos no fim das contas é o que conta. Afinal de contas ''pra parecer um palhaço não é preciso nem o nariz vermelho. É só fazer o que não sabe sem se olhar no espelho.' Esse é um dos ensinamentos do guerreiro silencioso.

Afinal de contas, 'quero que me falem que eu não sou mais um; que eu sou o escolhido.
Já que me senti, igual os abóboras amassadas, um rato em uma jaula, por muitas vezes. E sem esperança de ser salvo.'

'Sou tudo, um pouco de cada um. Sou um agregado'


 E isso é o que faz a minha unidade.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

InfecteD



Estava olhando meu quarto.
Como é legal perceber que a nossa energia toma conta (literalmente) dos ambientes e coisas que convivemos a maior parte do tempo.
(Juro que sinto essa alegria de uns tempos pra cá, então caso você que me lê não sinta mas está fazendo algo pra mudar essa auto imagem, bacana.... Se ñão estiver fazendo nada: ESTÁ NA HORA DE REVER OS CONCEITOS NÉ, CHAPA?!).

Continuando...


Meu quarto é um dos ambientes dos que conheço (no mundo inteiro) que eu mais me identifico...pudera...sou eu.
Muitas vezes arrumado, muitas vezes de pernas pro ar (naquela famosa bagunça organizada)...
Tudo que eu admiro e gosto está nele...todas as partes que me compõe: uma cama confortável de casal, um abajour de garrafa de Pisco, uma mesa de desenho (pasme!), uma mesinha de computador com (óbvio!) um, material pra desenho, sprays guardador com meus diversos bicos, alguns perfumes, despertador, um cd ou outro espiando, meu cofre de big coke (com uma fortuna em moedas de R$1,00 - aproximadamente umas 20!!!), meus tênis...minhas formas de stencil acomodadas atrás da mesa do computador...
e por aí segue...


Minha energia está em cada canto.
Ainda estou fazendo mudanças e adaptações. Não é fácil voltar pra casa da mãe depois de um casamento que se acabou. Nunca é. Existem coisas que não importa a quantidade de vezes que se repitam, eu nunca me acostumo...e não quero vir á me acostumar...ou acomodar, já que o crescimento vem do reconhecimento das limitações e a acomodação é uma que, vez por outra, me assombra.
Já tive a sensação de ser um colecionador de decepções. Pra ser bem sincero, ás vezes ainda tenho...mas essas vezes estão bem mais remotas e esparsas...

E isso tem ligação direta e proporcional com a honestidade que emprego no relacionamento comigo mesmo.


O resto é só o resto.


''Tudo que tem preço é barato''.