VAGO

Chegando.

Viagem. Estudo. Ação. Sangue. Rubor. Tudo junto.

Corrido. Correndo. Amigo, nem vô te contá o que que tá acontecendo.

Ando todo cansado pra escrever aqui. Ando tentando deixar textos express, como esses cafés que ando tomando nesses postos em beira de estrada, nesses botecos que vez por outra encosto, afim de me manter acordado e afastado desse sono do qual despertei.

Sono de anos.

Sono de vida.

Quero sonetos e juras. Declarações e conjecturas. Sonetos de liberdade. Liberdade dos grilhões, novos mundos e aventuras.

E não, não falo de amor.

Não falo SÓ de amor.

Meu coração anda calmo.

Minha cabeça anda quase correndo... a mente vai lá e volta. Só pra saber.

Me julgam por aqui. Me resumem por aqui. Me enquadram por aqui. Me interpretam por aqui.

Me 'vagueiam' por aqui. Por ali... E quando isso acontece, me sinto mais próximo do Livro de Eli do que da maçã.

Aqui é só uma folha de papel infinita, que rabisco e anoto...desenho e relato fotos. Focos. Poucos mortos entendem o sentido das caveiras que preencherão meu braço.

Das minhas máscaras de gás, que faço meu símbolo. Mal sabem o que me sufoca. Ainda esperam discursos, mas mal são capazes de perceber e enxergas as notas que deixo...musicais e de anotação. Olhar é diferente de observar. Cansei de parecer e não estar lá. Prefiro o contrário.

Mais humano, sincero, autêntico e literal. Literário. Gráfico. Mas ainda assim, vago.

Vago espaços que preenchem. Preencho espaços que vagam. Ou algo próximo disso... ou não também.

Dos Stencils que trago impressos na visão deste lado de dentro. Muito mais que sprays. Muito mais que tinta vermelho-sangue.

Muito mais que formas e recortes. Sonhos de consciência plena e Satoris budistas junto á baseados de ''skunk do honey money sem money de antes, saindo de SP e com a brasa nos Andes...''(Sim, isso é uma citação musical).

Me deixem ser livre.(Na verdade, isso não é um pedido...eu SOU livre;pleno e consciente. e isso não é ofensa ou distância. é a essência do amor).

Nasci livre. Me prendi. Me amarrei e amordacei. Quase morri nas ruas...

E pra quem vem disso, cada respiração vale ouro. Cada flash que ilumina as foto-memórias quais ficarão pra posteridade valem mais do que o reflexo dourado da ganância e domínio do ouro.

Nem tudo que reluz é ouro. E nem tudo que balança cai. Sabedoria popular do velho capoeira...

Misturado com as tintas do spray, impregnadas entre os sulcos e frestas das unhas e partes próximas.

Sempre fica um pingo. Pode ser o solvente que for.

Pode ser a distância que for. Independente da tela e da tinta, do jogo ou da finta...até da mão de quem pinta...o que sobra ainda... é a lembrança e a vivacidade, que vive na minha íntima e habitada cidade-criativa e vaga. A lembrança hoje não tão rara pelos dedos impregnados e olhos fitando semi cerrados, cada tonalidade e passagem da COR.

''Sinta o que eu sinto,

pinta com o meu pinto

até minta como eu minto,

e no final de tudo...SEJA BEM VINDO!''