quinta-feira, 19 de agosto de 2010

W a r (MEDO)



Cabeça á mil. Suor na palma das mãos. Mas está frio aqui desse lado do muro.


Quem me interpretar mal hoje, vai ficar nessas mesmo.


Estou com medo. Medo como poucas vezes tive na vida. Medo como quando meu pai foi pro hospital todas as vezes, já certo que não sairia. Mas saiu. E isso me dá esperança: quando eu acredito que tudo parou, acabou, encerrou (e de um jeito ruim normalmente), acontece a mágica e muda o ângulo da parada.


O sentido da vida é pra frente. Isso é um fato.


O texto corrido reflete exatamente a iminência do momento. Estado de atenção máximo. Tenho um guerreiro do meu lado. Passando pela mesma situação...daí vem a máxima de ''os iguais'' se ajudarem.


A última fresta da janela (de acordo com um amigo meu psicólogo) será fechada. HOJE.


Não quero me privar de escrever as coisas todas aqui por medo de alguém ler. E isso NÃO VAI ACONTECER. NÃO PODE ACONTECER. E FAZER A COISA CERTA PELO MOTIVO CERTO É UM DOS MOTIVOS DE ALGUÉM SER CHAMADO DE HERÓI.




Não que eu tenha essa aspiração, mas nesse caso, venho sendo herói há 10 anos comigo mesmo. Dos 28 em que existo.




Medo. Cabeça para. Uma barata se torna um ciclope. A lupa do medo está á milhão.


E o melhor de tudo, é que algo me diz que no final, esse mesmo ciclope vai se tornar uma barata.


Estômago embrulhado. Sem fome nenhuma. Olho estalado e respiração levemente ofegante.




No passar desses últimos anos aprendi á não demonstrar completamente o que sinto. Os sinais do corpo, os que identifico, não transpareço. Os que não, fatalmente se esgueiram por entre a minha percepção e se anunciam aos mais próximos, amigos e não. Poucos veêm..




Melhor assim.






Estou com medo. Mas vou seguir em frente. Independente do resultado, encarar a face do medo, do pânico, da angústia e da tristeza é sempre gratificante. Enobrece. Amplia a visão e força a evolução.


Nem tudo que vem por amor é bom. Nem tudo que se vai forçado é ruim.




O importante é que a natureza, assim como quem segue alguns princípios da vida e de sabedoria, sempre busca um equilíbrio. O movimento da vida é o de equilibrar-se. E isso é INEVITÁVEL.




Então. Coloco minha farda. Espero meu amigo e soldado chegar no front junto comigo. Checo minha munição. Tranquilizo a respiração. Meu cantil d'água está abastecido. Tenho alguns pontos pra acessar e transmitir informações com o meu rádio. Visto meu capacete. Carrego meu rifle. Beijo a foto da minha mãe, do meu pai e da minha filha.


Oro a única oração que sei, fruto das épocas em que combati no inferno.


Lembro das cicatrizes pelo meu corpo. E que ele ainda está inteiro.




Encerro a oração com um 'gracias madre'...e sigo em frente...




Deus está com todos. Mas minha habilidade faz Ele parecer do meu lado. E isso no final, junto com meus amigos e companheiros de guerra, é o que faz toda diferença. Participar da guerra é bom. Vivo por esse momento. Anseio, aguardo, almejo. Mas sem hipocrisias...em uma guerra, o que importa é vencer e sair o menos ferido possível; porque quem entra no espírito de 'o importante é competir', já está morto. E não se deu conta.






Estou indo pro front.




Amém...e que meus amigos, assim como eu, voltem também.


Maiores, mais fortes, mais vivos e preparados do que antes. Porque não é possível se passar pelo que passamos e ficarmos na mesmice. A dor é proporcional á evolução, ao crescimento. Então se tem que ser feito, que seja feito. Pelas minhas mãos e agora.

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