terça-feira, 20 de julho de 2010

Parece que foi ontem, Pai ...


Trilha sonora - http://www.youtube.com/watch?v=Ve4-ChcMtZA
(por favor, leiam ouvindo esse link em uma nova guia; e prestem atenção na letra colocando no repeat, ao final da leitura.)


Assuntos familiares, nunca foram meu forte. Fiquei perdido um tempo até por conta destes mesmos assuntos. Graças á Deus e (por mais irônico que isso soe) a ajuda, justamente, da família, achei um caminho.

Minhas primeiras lembranças com e sobre meu pai são muito agradáveis. Tardes vendo TV juntos, indo á parques pescar (quando ainda podia se fazer isso), jogando bola, andando de bicicleta, patins, skate, walk machine.
Sentado na varanda da antiga casa em que morávamos, ele me segurando no parapeito e a gente só olhando a rua em qualquer domingo á tarde, daqueles que dão a impressão de estarmos vivenciando um filme em preto e branco de dentro dele mesmo (adoro essa sensação).

Lembro do mei pai com um bigodão. Cabelo Black Power redondinho, aparadinho. Pros que não sabem, sou filho de negro com italiana.
Lembro daquele corcel II azul metálico que a gente tinha. Lembro quando minha mãe foi na feira do automóvel sozinha e chegou com aquele Prêmio CS branquinho de surpresa; como fiquei feliz.

Casa alugada, num bairro que na época não era tão bom; pai de bigodão; mãe italiana e brava que só ela. Colégio Irmã Catarina.
Jogava bola na vila que eu morava ao lado.
Pegava picolé no posto BR no final da ladeira e 'pendurava' pro meu pai pagar sem ele saber.
Ia vez por outro pra casa da minha tia no distante (naquela época) Jabaquara, da onde conservo 02 dos meus melhores amigos até hoje: meus 02 primos - Fê e Gugu. E por mais que a gente esteja na casa dos 20 já, continuam sendo o Fê e o Gugu de sempre.

Tudo muda. Meus pais se separaram. Meu pai de distanciou de mim. Minha mãe sofreu com alguns comportamentos meus. Aprontei. Desci bem pertinho do inferno. Subi de novo. Como uma fênix.

Vi meu pai numa mesa de operações diversas vezes. Ele TROCOU o coração.
E o coração novo chegou no dia do meu aniversário. Desde então, parei de pedir presentes de aniversário.
Tive conversas longas e íntimas de tempos em tempos, dentro do INCOR.

A última, sexta-feira passada. Sem raiva. Culpa. Ressentimentos. Peito aberto e só. Falando o quanto senti saudade dele, e quanto ele continua sendo meu super-herói.
Há anos a gente não se falava olhando nos olhos. E foi mágico.

Foi necessário eu me perder, me despir de todas as expectativas deles (meus pais), quais me pesavam demais, pra eu poder deixar aparecer EU MESMO.
Dividi planos e sonhos com ele. Projetos. E pela primeira vez, e a justamente no mais louco ele me olhou e disse: vai em frente! É esse o caminho.
Me emocionei. Chorei até...um choro que estava engasgado na garganta mais de uma década. Acreditei mais. Beirei a certeza do êxito.

No fundo, nada disso importa. Os momentos que passei com meu pai, desde os melhores até os mais distantes, me mostram que tudo foi necessário (apesar de muitas vezes desgastantes e sofridos), pra me lapidar em relação á minha visão que tenho hoje sobre compreensão para com os outros.

Hoje valorizo meus amigos. Os que estão comigo, estão mesmo. Tenho uma lealdade que beira á lealdade canina. E não me envergonho mais disso. Não escondo mais isso.
Minha vida não é a mais satisfatória ou perfeita. Está bem longe disso. Mas ainda continua sendo a minha vida. MINHA.
O importante no final, é correr atrás de realizar sonhos. Seja colocando uma medalha no peito, viajando pra fora, gravando minhas músicas ou conversando com algum morador de rua em cima do 'empurra-empurra' ás 01:30 da manhã de uma segunda-feira. Tentando mudar minha cabeça e com isso, o mundo. Sou dos sonhadores mesmo.
Definitivamente Gandhi sempre esteve certo: Nós devemos ser a mudança que queremos ver no mundo.

''Lembro do tempo que eu queria só crescer...parece que foi ontem...parece que foi ontem...
A gente demora uma vida inteira pra aprender...parece que foi ontem...parece que foi ontem...''

O objetivo desse texto é deixar ESPERANÇA; que apesar das dificuldades e limitações DA VIDA,é possível ser feliz e encontrar equilíbrio e tranquilidade. E trazer á tona as lembranças...


É Pai...ainda parece que foi ontem...

2 comentários:

  1. É familia parece mesmo q foi ontem, e q presente hein neguin?!!! Sumemo vai na fé vai q vai bota o single na rua e qualquer coisa é nóis tâmo junto sempre!!!
    abraço FAMILIA...

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  2. Me emocionou....Família é um assunto bem delicado! tamu junto...bjs

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