sexta-feira, 2 de julho de 2010

A última vuvuzela


Não sou cronista ou crítico de futebol. Tô longe disso e bem longe de querer ser.
Mas malandro, sou do Brasa. Nasci aqui nessa terra. País terceiro mundista, cria de rua, cresci chutando bola e ralando o pé no asfalto.
Corri atrás de bola até os 16.

Tenho esse espírito que não adianta mudar. Sou guerreiro mesmo. E eu não desisto nunca e não porque eu sou brasileiro, mas TAMBÉM porque eu sou do Brasa. Tá no meu sangue. Sou Romário, Lúcio, Juan, Ronaldo Fenômeno. Sou Zé Elias, Marcelinho Carioca, Dr. Sócrates, Júnior. Sou Bebeto, Pelé, Dunga, o finado Dener. Sou Taffarel e Julio César, com Carlos Alberto Torres. Sou Tostão, Rivelino e Robinho. Sou Alex, Djalminha. Sou Rincón, Carlitos Tevez e Mascherano. Sou Corinthians igual meu pai - seu Oacyr, independente do que achem. Sou também Felipe Melo... vou negar? vou mentir? Sem chance. E isso não quer dizer que concordo com ele. Aliás, pra mim, a maior das culpas foi dele. Despreparado. Vacilo em Copa, é casa. Só isso. Deveria ser expulso do futebol brasileiro. Nunca mais jogar aqui. Porque um dia, todos querem voltar. Isso é fato.

Sou Brasa pé de barro, amigo. Vou junto com cada chute 'quase'. Vôo pra área em cada escanteio. Xingo todo o juiz, o tempo todo. Sinto frio na barriga com futebol e suo nas mãos, parado. E olha que meu esporte nem é o futebol hoje.
Sou do tipo que 'vende o almoço pra comprar a janta'. E sorri no final do dia, fazendo piada da desgraça pra aliviar as agonias suburbanas. Sou descontente com o país e consciente, mas muitas vezes ainda irresponsável com ele também.

Sou aquele que esquece que uma GUERRILHEIRA (!!) [- e isso não é bom!!] está dividindo a primeira colocação á presidência do meu país pela Copa do Mundo. Sou dos sofridos; até finjo que não ligo, mas não perco um minuto de jogo. Sou dos que criticam e elogiam. Bradam. Dos que estão juntos.
Acreditei até os 47:59 do 2.o tempo. Gritei 'Vai !' Pra uma arrancada sem chance nenhuma, aos 46:30 do 2.o.

Sou cada João, Zé, Maria, Vera, Tião, Chico. Sou filho de uma Vera e de um Oacyr.

Continuo mais que nunca.
Não engulo esse papo de : 'a próxima a gente ganha porque é aqui'. Não gosto de perder. Nem fodendo. E aliás, não gosto nem só de ganhar. Gosto de ganhar de goleada, jogar sorrindo, gingando. Provocando cada adversário e sumindo na frente deles. Gosto de show.
Gosto de devolver quando me batem SIM. Gosto de como diria meu coroa 'chegar o rei neles' também.
Gosto de gritar GOL e sair com os braços esticados pro céu, como se fosse abraçar o sol.

Sou a última vuvuzela á assoprar dessa janela humilde e escondida atrás da copa das árvores que a camuflam, no 1.o andar da Aclimação pro mundo.
Sou Brasa, nego. Sou Brasana-Brasana.
Até o fim.

E disse o velho Galvão, ainda com a bola rolando, contendo as lágrimas que transpareciam aos mais atentos e insistiam em dificultar a narração:


'Lembremos que é só um jogo de futebol, amigos. Mas dói.'

5 comentários:

  1. Caraca! mando bem em brother,isso da até música
    valeu em cara continua assim... é nóis

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  2. Muito bom! ja ta la veio! abraco!!

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  3. Lindo seu texto!!! Amei!!!
    Bjossss

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  4. Também sou desses que torce até o último segundo.
    E realmente dói, mesmo sendo só um jogo...foi foda.

    Belo texto moço! Gostei.

    Um beijo

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  5. Leão é Leão né meu velho. Dia 2 de Agosto - mês do cachorro louco - torço até o último milésimo. É óbvio que é só futebol, mas é uma disputa. Óbvio que dói e é óbvio que não aceitamos. Pensem bem nisso, NÃO TEM PORQUE O BRASIL PERDER. SOMOS A FABRICA MUNDIAL DE JOGADORES!

    Muito bom Shak
    Abraço irmão.

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